Antonieta de Barros - Primeira negra eleita no Brasil
- Sep 23, 2021
Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra eleita no Brasil. A heroína nasceu em Florianópolis, no dia 11 de julho de 1901, e no seu registro de batismo não aparece o nome do pai. Sua mãe era a lavadeira Catarina Waltrich, escrava liberta. A população imaginava que a figura paterna estaria ligada à família Ramos, uma das mais tradicionais do Estado e pelo fato também de a mãe trabalhar na casa dos Ramos. A negra tinha três irmãos - Maria do Nascimento, Cristalino José de Barros e Leonor de Barros.
Antonieta seguiu três profissões na carreira: professora, jornalista e política. A mãe Catarina transformou a casa em que viviam em uma pensão para estudantes, e a convivência com os mesmos ajudou a incentivar Antonieta e a irmã Leonor a buscarem a alfabetização. Antonieta cursou regularmente o ensino básico na Escola Lauro Müller. Ao fazer 17 anos, ingressou na Escola Normal Catarinense e após três anos concluiu o curso normal, tornando-se professora. A heroína tinha o sonho de cursar direito no ensino superior, entretanto, na época, este curso era proibido para as mulheres. Sendo assim, um ano após ser considerada professora, ela criou o Curso Particular Antonieta de Barros em sua casa, destinado à alfabetização da população carente, sendo professora até o fim de sua vida.
Além de professora, atuou como jornalista, destacando-se pela coragem de expressar as ideias dentro de um contexto histórico que não permitia a livre expressão às mulheres. À época, ela representava uma espécie de resistência da escrita feminina. Antonieta fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927 e é considerada a primeira mulher negra a trabalhar na imprensa catarinense. Neste período, por meio das crônicas, veiculava as próprias ideias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, do excesso do poder político, da condição feminina e do preconceito.
Por fim, ainda temos a vida política da heroína. Ela foi influenciada pela família Ramos e pelos irmãos, que eram ativistas e até fundaram um sindicato. Em 1934, ocorreu a primeira eleição em que as mulheres puderam votar e serem votadas para o poder Executivo e Legislativo do Brasil. Antonieta candidatou-se para uma das vagas de Deputada Estadual à Assembleia Legislativa catarinense, o que a tornaria suplente. Ela assumiu a titularidade do mandato de Leônidas Coelho de Souza na 1ª legislatura, entre 1935 e o início do Estado Novo, ditadura imposta pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1937.
Ela foi a primeira deputada estadual mulher e negra do país e uma pioneira no combate à discriminação dos negros e das mulheres. Além disso, foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil. Após o fim da Era Vargas e o retorno da democracia, Antonieta entrou como suplente para deputada estadual na 1ª legislatura de 1947 à 1951. Quando José Boabaid se afastou, ela assumiu o mandato em junho de 1948, sendo novamente a única mulher no parlamento catarinense. Antonieta de Barros é autora da lei estadual nº 145, de 12 de outubro de 1948, que instituiu o dia do professor no estado de Santa Catarina. Em 1963, o presidente da República João Goulart oficializou essa data no país inteiro. A heroína faleceu com 50 anos de idade, no dia 28 de março de 1952, por complicações diabéticas.